A torcida do Atlético aprendeu, ao longo de sua história, a conviver com altos e baixos, com vitórias épicas e derrotas dolorosas. Mas o que se vê neste momento no clube mineiro não é apenas um revés esportivo – é uma crise estrutural que escancara o fosso entre a promessa e a realidade. E, no centro disso tudo, está a frustração com uma SAF que, até aqui, entregou pouco e cobrou muito.
O Atlético vive uma de suas fases mais conturbadas fora de campo desde o início dos anos 2000. Salários atrasados, premiações não pagas e incertezas nos bastidores compõem o cenário de um clube que, em tese, havia vendido a ideia de estabilidade financeira com a criação da Galo Holding e posterior venda da SAF.
A SAF que virou interrogação
A promessa era clara: com a gestão profissional dos “4 R’s” – Rubens, Rafael, Ricardo e Renato –, empresários ligados ao clube e responsáveis por injetar cifras milionárias no projeto recente, o Galo ganharia fôlego financeiro e capacidade de competir em alto nível. No papel, a SAF seria o ponto de virada definitivo.
Na prática, o que se vê é o contrário. A gestão atual, agora sob o guarda-chuva da SAF, não conseguiu impedir que o clube acumulasse dívidas, muitas delas de curto prazo. Antes visto como time a brigar pelo topo da tabela do Brasileirão, agora torce para conseguir uma vaga para a Libertadores do ano que vem.
O torcedor cansou de esperar
Em meio a tudo isso, o torcedor atleticano vive entre a incredulidade e a raiva. O discurso otimista de que o clube entraria em um novo patamar financeiro deu lugar ao velho fantasma do atraso e da desorganização.
A falta de transparência também pesa. O torcedor cobra explicações mais claras, prestação de contas realista e, acima de tudo, coerência. Afinal, não se vende uma ideia de profissionalização para, tempos depois, repetir os vícios da cartolagem tradicional. A SAF do Atlético ainda parece estar longe de ser uma gestão de excelência — e mais perto de ser um negócio mal estruturado.
Dentro de campo, reflexos da bagunça
Os resultados em campo refletem o ambiente instável. O time, que tem nomes de peso e um elenco qualificado no papel, alterna boas atuações com jogos apáticos. A falta de concentração, a queda de rendimento e até lesões em sequência levantam uma pergunta incômoda: o extracampo já contaminou o campo?
Mesmo com bons nomes no elenco e um treinador capaz, o Atlético não consegue engrenar. É difícil falar em desempenho quando a estrutura básica está comprometida. Não se ganha títulos apenas com folha salarial alta, e o Galo está aprendendo isso da pior forma possível.
O futuro: reação ou colapso?
O Atlético precisa urgentemente de uma guinada – não em campo, mas nos bastidores. É hora de a SAF mostrar a que veio. Ou age com firmeza e reorganiza as finanças, ou a promessa de modernização se tornará mais um capítulo de frustração em uma história que já tem páginas demais de sofrimento.
Já se fala em urgência de novos investidores, o que, em tese, nada tem a ver com o torcedor da associação.
O torcedor atleticano já foi paciente demais. E o tempo da esperança cega acabou. Agora é hora de cobrar, de exigir explicações e de, quem sabe, redesenhar o modelo antes que o buraco se torne ainda mais fundo.








