O anúncio da pré-candidatura de Flávio Bolsonaro à presidência da República, feito hoje com o aval do seu pai, Jair Bolsonaro, caiu como uma bomba no cenário político nacional. Em minutos, o mercado reagiu: o dólar aumentou, a bolsa caiu, a esquerda comemorou e a direita se dividiu.
Como jornalista e analista político, vejo que essa decisão mexe profundamente com os rumos de 2026 e diz muito mais do que parece à primeira vista.
A rejeição ao nome de Flávio e o temor do “tetra” de Lula
É fato: Flávio Bolsonaro não é unanimidade nem na direita, muito menos no centro, que decide a eleição. Analistas apontam que sua rejeição elevada poderia facilitar e muito a reeleição de Lula, possivelmente até em primeiro turno.
Dentro do próprio campo conservador, as reações foram imediatas:
- Bolsonaristas raiz abraçaram o nome do 01 sem contestar a escolha do pai.
- Liberais, centro-direita e conservadores independentes demonstraram resistência.
- Uma ala forte preferia Tarcísio de Freitas, considerado mais moderado e competitivo.
- Outra parte defendia Michelle Bolsonaro, vista como carismática, popular e recentemente fortalecida ao confrontar alianças do PL no Ceará.
Ou seja: a direita continua dividida, mas agora, com um nome oficialmente apontado, o jogo muda.
Mercado reage: confiança baixa e sinal amarelo
A primeira reação econômica foi clara: queda da bolsa e alta do dólar. Esse movimento não ocorre à toa.
O mercado e o centro político não receberam bem a indicação do senador. Flávio não tem a mesma aceitação de nomes mais técnicos ou moderados e desperta incertezas sobre a direção econômica.
Apesar disso, destaco um ponto positivo: Flávio concedeu sua primeira entrevista ao Metrópoles adotando um tom de tranquilização ao mercado, algo que Lula jamais se preocupou em fazer, mesmo diante de oscilação cambial ou fuga de investimentos.
Esse gesto demonstra que o senador entende a importância da estabilidade econômica para o eleitor brasileiro.
Mais que uma pré-candidatura: Bolsonaro escolhe um porta-voz
Na minha análise, essa nomeação vai além de uma corrida presidencial. Ela atende a uma necessidade urgente: dar um norte à direita.
Desde a prisão de Jair Bolsonaro, a base conservadora estava dispersa. O versículo bíblico que diz “Ferirei o pastor, e as ovelhas se dispersarão” nunca fez tanto sentido na política brasileira. A direita até hoje estava órfã de liderança e direção.
Flávio cumpre exatamente esse papel: ser a voz autorizada, o porta-voz legítimo, o organizador. Um nome capaz de acalmar, unir, orientar e representar Bolsonaro enquanto ele está impedido de atuar politicamente.
E isso, na minha percepção, é uma decisão estratégica importante.
Experiência política x carisma popular: a disputa silenciosa com Michelle
Flávio Bolsonaro não é o nome favorito de muitos, mas tem vantagens claras:
- experiência legislativa
- articulação política
- perfil mais sóbrio
- histórico de pacificador
- bom trânsito com parlamentares
Enquanto isso, Michelle tem capital simbólico, carisma e apoio de parte da militância, além do importante fato de ser mulher, o que poderia ampliar o alcance eleitoral.
A direita ganha rumo, mas não unanimidade
Não considero Flávio Bolsonaro o nome ideal, pelo menos não neste momento.
Mas reconheço que sua indicação pacifica os ânimos, reduz ruídos internos e devolve à direita algo que faltava desde a prisão domiciliar de Bolsonaro: direção.
A corrida presidencial de 2026 está longe de ser definida. E a grande pergunta que permanece é:
Michelle ainda pode ser candidata? A resposta real só virá no prazo final para registro, em abril.
Aguardemos as cenas dos próximo capítulos. E, como sempre, acompanharei de perto cada movimento dessa história.























