Cristãos perseguidos na UFMG: o preocupante avanço da intolerância religiosa nas universidades públicas

O que deveria ser um simples momento de fé e comunhão se transformou em um episódio alarmante de intolerância religiosa dentro da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). No dia 6 de novembro de 2025, um grupo de jovens cristãos se reuniu, de forma pacífica, em um espaço público do campus para orar e louvar a Deus. O que aconteceu a seguir acende um alerta vermelho sobre a liberdade religiosa, um direito fundamental garantido pela Constituição Federal, mas cada vez mais ameaçado em ambientes acadêmicos que deveriam ser berço da liberdade de pensamento e expressão.

Ação intimidadoras dos seguranças

De acordo com relatos dos participantes, seguranças da universidade abordaram o grupo de maneira intimidadora, exigindo que assinassem um documento de “responsabilização” por conta de uma suposta denúncia encaminhada ao Ministério Público. Durante todo o culto, os jovens foram vigiados de perto, sofreram pressão psicológica e ameaças veladas para encerrar a atividade.

Para piorar, a iluminação pública foi desligada no local, deixando o ambiente escuro e inseguro. Banheiros foram trancados, impossibilitando o uso pelos participantes. Nenhuma explicação oficial foi dada, nem houve clareza sobre quais normas institucionais teriam sido violadas.

Essas ações não apenas afrontam o direito à liberdade religiosa, mas configuram constrangimento ilegal e possível abuso de autoridade. O que se viu na UFMG foi uma tentativa explícita de calar uma manifestação de fé, algo inaceitável em um país que se orgulha de sua diversidade e liberdade.

O jovem Samuel Guimarães, um dos líderes do grupo, relatou em vídeo o desespero do momento:

“Nós realmente vivemos em um Estado laico? Eu estou aqui no pátio da UFMG com vários guardas me procurando para barrar um culto universitário […] Nós não somos invasores. Somos jovens apaixonados por Deus e acreditamos na transformação de vidas. Orem pelas universidades do Brasil. Precisamos de vocês.”

As palavras de Samuel ecoam o sentimento de muitos cristãos que se sentem perseguidos e silenciados em instituições que, paradoxalmente, pregam tolerância e pluralidade. O que vemos é um claro dois pesos e duas medidas: enquanto eventos ideológicos e manifestações políticas ocorrem livremente no campus, atividades religiosas são sufocadas sob o pretexto de “manter a ordem”.

Projetos de Lei querem garantir o direito de evangelizar sem censura

Esse episódio na UFMG reforça ainda mais a importância de iniciativas legislativas que defendam, de forma clara e objetiva, a liberdade religiosa em ambientes educacionais. Em Minas Gerais, tramita na Assembleia Legislativa o Projeto de Lei nº 3.887/2025, de autoria do deputado estadual Eduardo Azevedo, conhecido como “Evangelismo sem Barreiras”. O texto proíbe qualquer tipo de censura ou proibição a iniciativas voluntárias de estudantes para a realização de práticas religiosas em instituições públicas e privadas de ensino no Estado.

O projeto ainda assegura que a participação nessas atividades seja inteiramente voluntária e espontânea, garantindo o pleno exercício da liberdade de consciência e de crença, conforme previsto no artigo 5º, inciso VI, da Constituição Federal. Em Belo Horizonte, o vereador Irlan Melo também apresentou um projeto semelhante, com o objetivo de resguardar esse mesmo direito nas escolas públicas municipais, reforçando que a fé não pode e não deve ser silenciada nos espaços de formação cidadã.

Cenário se repete em todo o Brasil

Esse caso não é isolado. Em várias universidades pelo país, grupos cristãos têm relatado repressão velada, hostilidade e restrição de espaços. É uma contradição gritante: a universidade que deveria formar cidadãos críticos e livres, torna-se um ambiente de censura seletiva, onde se pode discutir qualquer coisa, menos fé.

Não estamos diante de um simples mal-entendido administrativo. Estamos vendo um ataque direto ao direito constitucional de professar livremente uma crença. A liberdade religiosa é pilar da democracia. Negá-la é abrir espaço para um autoritarismo ideológico que decide quem pode  e quem não pode se manifestar.

O episódio da UFMG deve servir de alerta para toda a sociedade. A perseguição à fé não é apenas um problema dos cristãos, é um problema da democracia. Quando um grupo é silenciado por crer, todos perdemos.

Que este caso desperte em nós a consciência de que a liberdade de expressão e de fé são inseparáveis. É preciso reagir antes que o medo substitua a coragem de crer.

Leandro Jahel
Leandro Jahel é jornalista e pós-graduado em “coaching com ênfase em carreiras e empreendedorismo”, além de ter completado "The Art of Persuasive Writing and Public Speaking" pela HarvardX. Além disso, apresenta o podcast "Vamos Mudar o Mundo". Casado e pai de duas filhas, Leandro também é pastor e mestrando em teologia sistemática.