Todo brasileiro ama uma coxinha, mas a versão que realmente conquistou o país — aquela, cremosa por dentro e absurdamente crocante por fora — pode ter uma história que os paulistas não gostam de admitir. Embora a origem da coxinha seja de São Paulo, fortes indícios e a tradição oral dos botecos apontam que sua mais famosa evolução, a coxinha com requeijão cremoso tipo Catupiry, é uma invenção orgulhosamente de Belo Horizonte.
Se não fomos os inventores, fomos, sem dúvida, os aperfeiçoadores que transformaram um bom salgado em uma obra-prima.
A Revolução Mineira: A Invenção do Boteco
A história oficial conta que a coxinha nasceu no século XIX, em São Paulo. Mas era uma versão mais simples, muitas vezes com o recheio de frango desfiado mais seco. A virada de chave aconteceu nos balcões dos bares e lanchonetes de BH, entre os anos 80 e 90.
Os donos de botecos mineiros, em sua genialidade cotidiana, perceberam que podiam resolver o problema do recheio seco adicionando uma colherada generosa de requeijão cremoso. A cremosidade e a leve acidez do catupiry não apenas deixaram o frango mais úmido e saboroso, mas criaram um contraste de texturas perfeito com a massa frita. A invenção explodiu.
Onde Nasceu a Lenda?
É quase impossível cravar um único endereço como o berço da coxinha com catupiry, mas a fama se espalhou rapidamente por pontos tradicionais do centro da cidade e pelos bares da Savassi.
Lugares como a Lanchonete Lanches da Cidade viraram referência, e o novo padrão de qualidade se tornou uma exigência do paladar mineiro. A fama foi tão grande que, hoje, a versão com catupiry é a mais consumida em todo o Brasil.
Análise: O DNA da Gastronomia de BH
A história da coxinha com catupiry é a tradução perfeita da alma da gastronomia de BH. A cidade nem sempre é a inventora de um prato, mas é, quase sempre, a sua grande aperfeiçoadora.
A cultura dos botecos funciona como um laboratório a céu aberto, onde receitas são testadas, melhoradas e popularizadas com uma criatividade única. A coxinha com catupiry é o maior símbolo disso: pegamos algo que era bom e o transformamos em algo inesquecível.
