É a vírgula do mineiro, uma expressão de surpresa, um sinal de espanto ou uma forma de concordância. “Uai” é a alma de Minas Gerais em três letras, mas sua origem é um mistério que intriga linguistas e historiadores há décadas. Embora não haja um consenso, três principais teorias tentam explicar de onde veio a interjeição mais famosa e que melhor representa o estado e seu povo.
A teoria romântica: a senha da Inconfidência Mineira
Uma das teorias mais populares e românticas diz que a expressão nasceu como uma senha secreta durante a Inconfidência Mineira, no século XVIII. Os conspiradores, que lutavam pela independência de Portugal, teriam criado o acrônimo U.A.I., que significaria “União, Amor e Independência”. No entanto, apesar de ser uma história muito difundida, os historiadores e linguistas afirmam que não há nenhuma comprovação documental de que essa senha realmente tenha existido.
A teoria britânica: a influência da mineração
Uma segunda teoria, considerada mais plausível, liga a origem do “uai” à forte presença de engenheiros e técnicos ingleses que vieram trabalhar na mineração em cidades como Nova Lima e Ouro Preto, no século XIX. Acostumados a usar a interjeição inglesa “Why?” (Por quê?), a pronúncia da palavra teria sido, aos poucos, adaptada e absorvida pelos trabalhadores mineiros, se transformando no “uai” que conhecemos hoje.
A teoria mais aceita: a herança portuguesa
A teoria com maior aceitação no meio acadêmico, no entanto, é a de que o “uai” é uma herança direta de nossos colonizadores. A expressão seria uma variação de interjeições muito antigas e comuns em dialetos de Portugal, como o “uäi”, falado na região do Algarve, ou o “oialá”, que, por sua vez, são corruptelas (modificações) da expressão “olhai”.
Com o passar do tempo, a palavra teria se contraído. O relativo isolamento geográfico de Minas Gerais durante séculos teria ajudado a preservar e a fortalecer essa e outras particularidades do “mineirês”. Seja qual for sua verdadeira origem, o “uai” se consolidou como o som que melhor traduz a alma, a desconfiança e a hospitalidade do povo mineiro.





















