A ‘Igrejinha da Pampulha’: a história da capela que Niemeyer desenhou e Portinari abençoou

Foto: Divulgação/PBH

Com suas curvas sinuosas que imitam as montanhas de Minas, a Capela de São Francisco de Assis, carinhosamente chamada de “Igrejinha da Pampulha”, é talvez a obra mais icônica de Belo Horizonte e uma obra-prima da arquitetura moderna mundial. Encomendada nos anos 40 pelo então prefeito Juscelino Kubitschek, ela é a joia da coroa do Conjunto Moderno da Pampulha, declarado Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO.

A igrejinha é o resultado do encontro de quatro gênios brasileiros:

A Arquitetura de Oscar Niemeyer: Rompendo com a tradição das igrejas retilíneas, Niemeyer usou a liberdade do concreto armado para criar uma estrutura de abóbadas curvas, um desenho revolucionário para a época que chocou a sociedade conservadora.

A Pintura de Cândido Portinari: Os painéis internos e externos são a maior contribuição de Portinari. O painel externo, em tons de azul, retrata a vida de São Francisco. Internamente, as 14 pequenas pinturas da Via Sacra são de uma expressividade e simplicidade comoventes.

O Paisagismo de Roberto Burle Marx: Os jardins que rodeiam a capela foram pensados para dialogar com a arquitetura de Niemeyer, criando uma integração perfeita entre a construção e a natureza da Lagoa da Pampulha.

A Escultura de Alfredo Ceschiatti: O batistério da igreja abriga baixos-relevos em bronze que contam a história do batismo de Cristo, obras do renomado escultor.

A Polêmica e a Sagração: A igreja foi tão revolucionária que, após sua conclusão em 1943, a Arquidiocese de Belo Horizonte se recusou a consagrá-la, considerando-a “imoral” e inadequada para o culto religioso. A capela permaneceu fechada por 16 anos, sendo finalmente consagrada apenas em 1959.

Visitar a Igrejinha da Pampulha é mais do que apreciar uma obra de arte; é testemunhar um momento de ruptura, um manifesto de modernidade e um dos capítulos mais importantes da história da arquitetura e da arte no Brasil.