A prefeitura de Belo Horizonte aprendeu com o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) que se uma situação está incômoda, você pode escondê-la criando uma cortina de fumaça para chamar a atenção pública para outro lugar. Assim os esforços que gastaria resolvendo o problema podem ser empregados em outras atividades.
Na sexta-feira passada, 10, a secretária de Saúde Cláudia Navarro convocou coletiva de imprensa para prometer resolver a superlotação das UPAs.
No fim de semana reportagens do Estado de Minas, O Tempo e Itatiaia percorreram os locais de atendimento e constataram que o descaso continuava o mesmo. Nesta segunda, 13, outra convocação de coletiva.
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Como prometido no fim de semana, esperava-se que a secretária fosse fazer um balanço de sábado e domingo, mas não. Anunciou a volta da obrigatoriedade do uso de máscaras em locais fechados. Surpreendentemente, o uso segue liberado em grandes aglomerações, como shows, festivais e partidas de futebol.
Durante a coletiva, Navarro foi questionada para que voltasse a divulgar o número de internados. Afinal, se muitas pessoas estão testando positivo mas poucas estão ficando internadas, significa que as vacinas estão funcionando.
Cláudia disse que esconderia os dados porque “eles eram muito baixos”. Só que estes mesmos índices baixos foram usados como justificativa pelo prefeito Fuad Noman para defender o fim da obrigatoriedade das máscaras pouco mais de um mês atrás:
Em entrevista ao programa Central 98, no dia 27 de abril, Fuad Noman disse que “nós achamos que não valia à pena condenar toda a sociedade a ficar usando máscaras, ainda, já que os índices estão muito baixos, graças a Deus, porque alguns pais não querem levar seus filhos para vacinar”. [assista ao trecho exato no fim desta matéria]
Conclusão: as máscaras precisam ser usadas em em salas de aula, mas no Mineirão, não. As vacinas estão funcionando em BH já que os casos aumentam, mas as internações “estão muito baixas”. A secretária de Saúde abandonou a coletiva de imprensa sem responder todas as perguntas porque tinha compromisso mais importante. Os mesmos dados que podem orientar uma decisão da PBH podem orientar o oposto em questão de dias, de acordo com a conveniência. Sobre as UPAs, não se fala mais nisto.