O cantor sertanejo Zé Neto, dupla com Cristiano, está com problemas pulmonares de “foco de vidro no pulmão”, também conhecido como “vidro fosco”. O aparelho que pode ter causado a condição já se tornou uma febre em Belo Horizonte.
Conhecido como “veep”, “vaper” ou cigarro eletrônico, se parece muito com um pen-drive. Carregável e com essências de frutas, ele está sendo consumido, inclusive, em ambientes fechados como bares e boates.
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Também pode ser encontrado em versões descartáveis, vendidos pelos mesmos ambulantes que vendem balas e chicletes nas portas das baladas. A principal diferença entre o comum e o tecnológico é que enquanto o primeiro queima o tabaco por combustão, o segundo acontece por vaporização.
As essências podem variar no sabor e teor de nicotina, mas podem chegar a assustadores 50%. Hoje a Anvisa pede aos hospitais que notifiquem imediatamente os casos suspeitos de doenças causadas pelos vaporizadores.
O Moon BH conversou com alguns jovens que convivem com os vapers, seja usando ou perto de colegas.
Quem é Contra
O médico veterinário Vinícius Amorim, de 28 anos, diz que odeia a nova moda: “Cada um é responsável pela sua saúde, desde que não prejudique o outro. Então acho que para o uso deveria ter legislação”, diz. “Conheço os riscos. Leva ao hábito de fumar. Os que contém nicotina levam a uma maior concentração da mesma no organismo. Superior ao cigarro comum. E as que não tem mesmo assim podem liberar tóxicos. Fora que incentiva o hábito ao fumo. não concordo com o uso em locais públicos. Deveriam ser usados somente em área de fumantes”.
O cientista político Raul Ramos*, de 27 anos, também é contra o uso indiscriminado: “É um cigarro como qualquer outro e deveria, analogamente, serem aplicadas as mesmas restrições”.
Quem é à favor
A corretora Marisa R. Araújo, de 36 anos, vê de outra forma: “Esporadicamente utilizo em bares e baladinhas, apenas por diversão. Não sinto a necessidade diária do vapers, mas tenho ciência que podem gerar problemas pulmonares e danos à saúde, alguns até desconhecidos. E por esse motivo até estou desfazendo desse hábito para evitar algo de grave futuramente”.
Já o fotógrafo Marcelo Batista*, de 28 anos, é à favor do uso, inclusive em locais públicos: “O maior problema do cigarro é o cheiro ruim e o risco de incêndios em locais fechados. Com o cigarro eletrônico não há este problema. Também não há nenhum problema de risco de intoxicação, então não tem incômodo. Mas quanto ao aparelho, com certeza precisa de uma regulamentação já que não estão fazendo nenhum estudo sobre o uso”.
O estudante João Osmany, tem uma opinião ponderada: “É uma alternativa interessante já que você consegue regular e diminuir a quantidade de nicotina, já que você consegue diminuir a dose gradativamente, algo impossível com o cigarro, já que a única solução é diminuir e quantidade de cigarros. Além do mais, é uma alternativa sustentável já que é recarregável. Entretanto, traz consigo um mercado perigoso como porta de entrada, em especial aos jovens, visto que, vantagens como sabor, praticidade e discrição podem ir na contramão do vício e dos efeitos adversos da nicotina.”
Opinião legal
O advogado Renato Figueiredo fala sobre a necessidade de uma legislação sobre o tema: “Embora atualmente estejamos experimentando uma nova realidade com o uso massivo de vapers não podemos nos esquecer que há legislação brasileira já é pacificada inúmeros estados quanto ao uso de cigarros e similares em espaços fechados.
Em Minas a Lei 12.546 proíbe o ato de fumar cigarrilhas, charutos, cachimbos, narguilés e outros produtos em locais de uso coletivo, públicos ou privados.
Embora os vapers não se assemelhem ao cigarro tradicional, não se pode olvidar que suas consequências à saúde dos usuários ativos/passivos ainda não são claras”, esplica.
Opinião médica
O médico Dráuzio Varela publicou um vídeo falando sobre o assunto, alertando que o cigarro eletrônico se transformou em uma armadilha dos vendedores de nicotina, alertando sobre a dependência:
https://www.youtube.com/watch?v=CBNNpZ-PJZQ&t
*Alguns nomes foram alterados à pedido dos entrevistados.