Padre de Osasco é indiciado por tentativa de golpe ao Estado

Reproduçãio/Redes Sociais

Na tarde da última quarta-feira (21), a Polícia Federal dividiu uma lista com os nomes dos indiciados na investigação que apurou golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito. Entre os 37 nomes indiciados nesta quinta-feira(21) está o do padre católico José Eduardo de Oliveira e Silva, da Diocese de Osasco, Grande São Paulo.

José Eduardo já havia sido alvo da operação Tempus Veritatis, da Polícia Federal, que cumpriu 33 mandados de busca e apreensão e quatro mandados de prisão preventiva contra pessoas acusadas de participação na elaboração de mais um golpe de estado no Brasil, em janeiro de 2023.

No inquérito, que tem mais de 800 páginas, o padre José Eduardo é citado como integrante do núcleo jurídico. De acordo com o ministro Alexandre de Moraes, o núcleo assessorava os membros do suposto golpe na elaboração de minutas e decretos com fundamentação jurídica e doutrinária.

De acordo com a Polícia Federal, o padre teria participado de uma reunião no dia 19 de novembro de 2022, com Filipe Martins e Amauri Feres Saad, também indiciados. Ainda de acordo com a PF, o encontro fazia parte de uma série de discussões convocadas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro para “tratativas com militares de alta patente sobre a instalação de um regime de exceção constitucional.”

Padre e Influenciador

O padre José Eduardo, exerce o sacerdócio há 18 anos e pertence à ala conservadora da Igreja Católica. Ficou conhecido por gravar vídeos para suas redes sociais e Youtube discutindo assuntos como o aborto, a guerra cultural e a influência ruim das músicas e divas pop na vida de crianças e adolescentes.

Doutor em Teologia Moral pela Pontifícia Universidade da Santa Cruz (Roma, Itália), tornou-se conhecido por gravar vídeos tecendo críticas às cantoras Madonna e Luisa Sonza, onde analisa a letra de suas músicas e o simbolismo “presente” em seus clipes.

Em um vídeo gravado em 7 de agosto do ano passado, o padre argumentou: “Não é apenas a letra que diz coisas. Mas é a harmonia, o ritmo e a melodia. Uma música de amor que tem uma batida sensual, ela está falando de amor em termos libidinosos. Na melodia está embutida uma mensagem sexual que não está embutida na letra. […]Se uma melodia não tem uma inspiração divina, ela tem uma inspiração humana ou demoníaca?”

O que o padre José Eduardo diz

Através de uma nota publicada em fevereiro deste ano, o padre negou que tenha participado de qualquer conspiração contra a Constituição Brasileira. O Padre José Eduardo ainda informou que como sacerdote católico “é chamado para auxílio espiritual não apenas dos frequentadores da minha paróquia, mas também de todos aqueles de alhures que espontaneamente me procuram com assuntos dos mais variados temas”.

“Como é meu dever, preservo a privacidade de todos eles, visto que os dilemas que me apresentam são sempre de foro interno. Em relação ao referido ‘inquérito dos atos antidemocráticos’, minha posição sobre o assunto é clara e inequívoca: a República é laica e regida pelos preceitos constitucionais, que devem ser respeitados. Romper com a ordem estabelecida seria profundamente contrário aos meus princípios”, disse através da nota.

Marcos Amaral