Seguindo um movimento de reavaliação de ativos na América do Sul, o gigante francês do varejo, Carrefour, colocou à venda toda a sua operação na Argentina e iniciou o processo para deixar o país após 42 anos de história. O pacote, que inclui quase 700 lojas das bandeiras Hipermercado, Market e Express, e envolve cerca de 17 mil funcionários, já atrai o interesse de grandes redes locais e do Chile.
A decisão ocorre poucas semanas após a controladora do Burger King também anunciar a venda de suas lojas para encerrar a operação no país.
Carrefour decide deixar a Argentina
A venda da operação argentina do Carrefour está em estágio avançado. De acordo com a imprensa local, o processo é assessorado pelo Deutsche Bank, e a expectativa é de que o comprador seja anunciado entre o final de outubro e o início de novembro. A pretensão do grupo francês é de arrecadar algo próximo de US$ 2 bilhões com o negócio, embora as primeiras propostas conhecidas variem entre US$ 900 milhões e US$ 1,5 bilhão.
Quem está no páreo para comprar?

A disputa para assumir o controle de uma das maiores operações de varejo do país está acirrada. Os principais interessados são as grandes redes de supermercados locais, como Coto e La Anónima, e a gigante chilena Cencosud, que já tem forte presença no país. O grupo DIA também avalia a compra. A negociação pode ocorrer de duas formas: a venda do bloco inteiro para um único comprador ou o “fatiamento” da operação por regiões ou formatos de loja.
Os desafios: concorrência e a questão dos empregos
O negócio não é simples. Por envolver uma fatia tão grande do mercado de varejo, a venda precisará ser aprovada pelo órgão de defesa da concorrência da Argentina (CNDC), que pode exigir a venda de algumas lojas para evitar a concentração de mercado. Além disso, o destino dos 17 mil funcionários é um tema central nas negociações e envolve conversas diretas com o governo e com os sindicatos locais, que buscam a garantia da manutenção dos postos de trabalho.
Análise
O pacote à venda (700 lojas + 17 mil empregos) é grande demais para ser absorvido em um “cheque só” sem a necessidade de ajustes regulatórios. Os concorrentes locais, como Coto e La Anónima, surgem como os compradores mais óbvios, mas a complexidade do negócio pode levar a uma solução de divisão por blocos.
As duras condições que certamente serão impostas sobre a manutenção dos empregos explicam por que o Carrefour trabalha com um cronograma que prevê uma transição ordenada apenas para o início de 2026. A saída de mais uma multinacional do país é um reflexo da reprecificação de ativos e do desafiador cenário econômico que a Argentina atravessa.























