Araçuaí: Moradores acusam deputada Beatriz Cerqueira de se recusar a dialogar com a comunidade

Foto: enviada pelos moradores

Moradores da Área de Proteção Ambiental (APA) Chapada do Lagoão, em Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha, estão denunciando a conduta da deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT). Segundo a associação de moradores local, a parlamentar, que realizava uma visita oficial à região na última semana pela Comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), teria se recusado a abrir um diálogo com a comunidade e ainda os acusado de impedir a passagem da comitiva.

O que dizem os moradores?

De acordo com Adair Batista, presidente da Associação dos Moradores e Proprietários do Entorno da Chapada do Lagoão (Ampechal), a comunidade tentou uma aproximação pacífica para conversar com a deputada, mas foi rechaçada. “As imagens comprovam o contrário. Aproximamos do carro da deputada e pedimos para conversar. Ela alegou que a presença da prefeitura foi o motivo para que não houvesse dialogo”, afirma Adair.

Os moradores contestam a justificativa, apontando que o requerimento da própria deputada para a visita incluía um convite a vereadores e membros da prefeitura local, o que, para eles, torna a desculpa contraditória.

O pano de fundo: a disputa pela APA

O conflito principal gira em torno do futuro da Chapada do Lagoão. Em fevereiro, a Câmara Municipal de Araçuaí aprovou um Projeto de Lei que busca conciliar a preservação ambiental com a manutenção das áreas já ocupadas por agricultores familiares e comunidades quilombolas. A legislação foi amplamente apoiada pela população local.

No entanto, os moradores temem que uma articulação na ALMG, da qual a deputada Beatriz Cerqueira faz parte, vise a criar uma “APA estadual”, o que poderia anular a decisão do município e impor restrições mais severas, prejudicando a produção de alimentos e o modo de vida da comunidade.

O que dizem os ‘chapadeiros’?

Em uma carta aberta, a associação de moradores critica o que considera uma interferência externa de movimentos como o MAB (Movimento de Atingidos por Barragens) e reforça que os povos originários da região já são os verdadeiros guardiões da chapada.

“As pessoas ‘de fora’ precisam escutar quem vive e cuida da Chapada mesmo antes da constituição de uma APA. Aqui todos preservaram o meio ambiente, não só o que é determinado em códigos e leis”, destaca o presidente da Ampechal. A associação defende que os recursos públicos sejam usados para estruturar a área de proteção já existente, com foco em ações de manejo e combate a incêndios, em vez de expandi-la de forma a prejudicar a população local.

Ainda não conseguimos contato com a assessoria da deputada.