Uma megaoperação de imigração em uma nova e bilionária fábrica da Hyundai na Geórgia, EUA, se transformou em uma grave crise diplomática entre Washington e Seul. Na última quinta-feira (4), agentes federais detiveram cerca de 475 trabalhadores, a maioria cidadãos sul-coreanos, na maior batida migratória já realizada em um único local na história do Departamento de Segurança Interna dos EUA.
O episódio, que paralisou parte do complexo, gerou uma reação imediata e dura do governo da Coreia do Sul e colocou em xeque um investimento de mais de US$ 4 bilhões.
A Maior Batida da História
A ação foi conduzida pela agência de Investigações de Segurança Interna (HSI) e mirou principalmente trabalhadores de empresas terceirizadas que atuam no complexo da Hyundai, que inclui uma fábrica de baterias em parceria com a LG. A acusação é de irregularidades migratórias, como vistos vencidos ou violação das condições de permanência, que não permitiam o trabalho.
A Hyundai se apressou em afirmar que nenhum dos detidos era seu empregado direto, jogando a responsabilidade para as empresas subcontratadas.
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A Fúria de Seul: A Resposta Diplomática
A notícia da detenção em massa caiu como uma bomba em Seul. O presidente da Coreia do Sul, Lee Jae-myung, prometeu “assistência plena” aos cidadãos detidos e montou uma força-tarefa no Ministério das Relações Exteriores para acompanhar o caso, que pode resultar em deportações. A chancelaria sul-coreana sinalizou que pode, inclusive, enviar uma comitiva a Washington “se necessário”.
A crise é delicada, pois a planta da Geórgia é um dos maiores e mais estratégicos investimentos da indústria sul-coreana no exterior.
O Pano de Fundo: Fiscalização em Alta
A megaoperação não é um caso isolado. Ela acontece em um momento de crescente fiscalização sobre as práticas trabalhistas na indústria automotiva do sul dos Estados Unidos. A própria Hyundai já responde a um processo do Departamento do Trabalho por um caso separado de uso de trabalho infantil em uma de suas fornecedoras no Alabama, o que ajuda a explicar o cerco das autoridades federais.
Análise: O Choque entre Lei e Investimento
A batida na Hyundai é um choque frontal entre a aplicação da lei migratória dos EUA e a estratégia de atração de investimentos bilionários. Para o governo americano, é uma demonstração de força em um tema politicamente sensível.
Para a Coreia do Sul, é uma questão de proteção a seus cidadãos e a um projeto econômico vital. O episódio expõe os enormes riscos das cadeias de produção globais, onde a responsabilidade sobre a mão de obra terceirizada se torna uma área cinzenta que, quando fiscalizada, pode gerar crises de proporções internacionais.
