O Clássico da Saudade desta quinta-feira (6), às 21h30, no Allianz Parque, promete ser mais do que um simples jogo; será um intenso xadrez tático. O Palmeiras, líder, busca se impor em casa, enquanto o Santos, desesperado para fugir do Z-4, precisa de pontos vitais. A partida, válida pela 32ª rodada do Brasileirão, será decidida em “mini-jogos” específicos dentro das quatro linhas.
Analisamos os quatro principais duelos individuais e táticos que tendem a ditar o roteiro do clássico e definir o vencedor.
1. Raphael Veiga (Palmeiras) x João Schmidt (Santos)
- A Chave do Palmeiras: O jogo ofensivo do Verdão flui quando Raphael Veiga recebe a bola “flutuando” entre as linhas de defesa e meio-campo do adversário (a chamada “Zona 14”). É dali que ele distribui o último passe, aciona os “cutbacks” (passes para trás) ou finaliza com perigo de média distância.
- A Resposta do Santos: A missão de João Schmidt, primeiro volante santista, é “sufocar” Veiga. Ele precisará fechar essa linha de passe interior, antecipar o giro do meia e forçá-lo a jogar nos corredores laterais, onde o Palmeiras é menos letal na armação e a marcação de Vojvoda pode dobrar.
- O Veredito: Se Veiga vencer esse duelo, o Palmeiras cria chances de alto risco. Se Schmidt anular o camisa 23, o ataque alviverde perde seu cérebro.
2. Vitor Roque (Palmeiras) x Alexis Duarte (Santos)

- A Chave do Palmeiras: Vitor Roque é mestre em atacar o primeiro pau. Sua jogada característica é a “antecipação de facão”: ele finge que vai atacar o segundo poste e, no último segundo, corta na frente do zagueiro para desviar os cruzamentos rasteiros de Piquerez ou da linha de fundo.
- A Resposta do Santos: O zagueiro paraguaio Alexis Duarte, contratado em setembro, terá a difícil missão de não “comprar” o movimento falso de Roque. Ele precisa de coordenação perfeita com o goleiro para proteger o primeiro poste e antecipar o gatilho do cruzamento.
- O Veredito: Se Roque vencer esse duelo algumas vezes, ele não só pode marcar, como obrigará a defesa do Santos a afundar, abrindo espaço crucial para o rebote de Veiga e dos volantes.
3. Gustavo Gómez (Palmeiras) x Lautaro Díaz (Santos)
- A Chave do Santos: Com menos posse de bola, a arma do Peixe será o contra-ataque e a bola longa. Lautaro Díaz, embora criticado pela finalização, é fundamental taticamente por sua velocidade em atacar as costas da zaga e sua capacidade de brigar pela primeira bola aérea, gerando faltas e escanteios.
- A Resposta do Palmeiras: Gustavo Gómez é o antídoto. O capitão alviverde precisará usar seu tempo de bola impecável para neutralizar os pivôs de Lautaro e organizar a defesa para “defender para frente”, evitando que o Santos ganhe terreno e crie segundas bolas perigosas.
- O Veredito: Se Gómez anular Díaz, o Palmeiras sufoca o Santos em seu campo. Se Lautaro conseguir ganhar duelos e cavar bolas paradas, ele ativa o “atalho” do Peixe para o gol.
4. Joaquín Piquerez (Palmeiras) x Igor Vinícius (Santos)

- A Chave do Palmeiras: Piquerez é o motor de volume ofensivo do Verdão. Seus cruzamentos (altos, rasteiros ou “cutbacks”) são a principal fonte de chances criadas pelo time. Se ele ganhar território, o Palmeiras “amassa” o adversário por aquele lado.
- A Resposta do Santos: Igor Vinícius (ex-São Paulo) tem a explosão física necessária para o 1 contra 1. Sua missão não é apenas fechar a porta para Piquerez, mas também contra-atacar o espaço que o uruguaio inevitavelmente deixa em suas costas.
- O Veredito: O domínio deste corredor define o jogo. Se Piquerez vencer, as chances para Vitor Roque (Rota 2) e Veiga (Rota 1) vão se multiplicar. Se Igor Vinícius levar a melhor, ele cria a principal válvula de escape para o Santos respirar.
Análise Final: Onde o Jogo Será Ganho ou Perdido
O clássico no Allianz Parque será um duelo de paciência contra necessidade. O Palmeiras, líder e jogando em casa, tentará controlar o ritmo através de Veiga e Piquerez, buscando o gol no detalhe (o “facão” de Roque).
Ao Santos, resta uma noite de perfeição defensiva nos duelos individuais (Schmidt x Veiga; Duarte x Roque) e máxima eficiência nas poucas chances que Lautaro Díaz e Igor Vinícius conseguirem criar nos contra-ataques ou na bola parada. O time que vencer suas “mini-batalhas” sairá com os três pontos.