Uma revelação de bastidor mostra o momento exato em que a SAF do Cruzeiro escolheu o caminho da sustentabilidade sobre o espetáculo. O ex-lateral Rômulo Caldeira contou que ofereceu os atacantes Mario Balotelli e Krzysztof Piatek à diretoria celeste em 2024, mas ouviu um “não” categórico. O motivo? O clube queria priorizar o protagonismo de Kaio Jorge, então recém-comprado da Juventus por até R$ 41,5 milhões.
Um ano e meio depois, a aposta de Pedrinho BH ganhou contornos de case de gestão. A escolha de R$ 41 milhões por Kaio Jorge hoje vale mais de R$ 200 milhões em potencial de venda.
O Dilema de 2024 no Cruzeiro: Balotelli x Projeto
O Cruzeiro estava no mercado por um “9” de impacto. A combinação Balotelli (campeão europeu, midiático, mas com salário perto de R$ 1,5–2 milhões/mês e sem potencial de revenda) e Piatek (artilheiro europeu, mas caro) parecia irresistível para o marketing.
No entanto, a diretoria entendeu que a prioridade era proteger seu maior investimento recente: Kaio Jorge. Se o clube trouxesse um “9 de grife” naquele momento, estaria dando um recado público de desconfiança ao jovem Kaio, que havia acabado de custar R$ 41 milhões ao clube. A escolha foi pelo “projeto” em vez do “show”.

A Venda que Define a Gestão: Artilheiro e Ativo Blindado
A decisão de bancar Kaio Jorge foi totalmente recompensada. O atacante, hoje com 23 anos, é o artilheiro do Campeonato Brasileiro e o principal nome da equipe.
- Valorização: A aposta inicial de R$ 41,5 milhões virou um ativo de € 17 milhões (R$ 100 milhões) de valor de mercado.
- Preço de Saída: O Cruzeiro já sinalizou ao mercado que só conversa por Kaio Jorge a partir de € 35 milhões (cerca de R$ 215 milhões), com bônus e percentual de revenda.
Ou seja: a recusa a Balotelli e Piatek não apenas deu tranquilidade ao Kaio Jorge para se consolidar, mas também colocou o Cruzeiro na prateleira de clubes que vendem ativos acima dos R$ 200 milhões.
Análise: A Escolha entre Espetáculo e Patrimônio
A história de Rômulo Caldeira revela o momento em que o Cruzeiro se separou do imediatismo. Uma decisão de gestão. Assinar com Balotelli seria um show para um ano, mas engessaria a folha salarial e mataria o potencial de revenda.
Ao dizer “não” ao pacote Balotelli/Piatek, o Cruzeiro escolheu um ativo com valor de venda em ascensão. A recusa é uma das melhores provas de que a SAF de Pedrinho BH não está apenas gastando, está escolhendo onde gastar. E, se a história terminar com uma venda recorde de Kaio Jorge para a Europa, a recusa aos veteranos será lembrada como um dos momentos mais inteligentes da gestão celeste.