Atlético criou ideia de crianças em campo com jogadores e o mundo todo copiou

É difícil imaginar um jogo de futebol que não comece com crianças entrando em campo com os jogadores de ambos os times para, juntos, cantarem o hino, mas nem sempre foi assim.

Tudo começou com o diretor de relações públicas do Clube Atlético Mineiro, Ronan Ramos Oliveira, que sempre teve o sonho de entrar em campo quando criança, mas nunca conseguiu realizar.

Em 1976 o time passava por uma dificuldade financeira e precisava levar mais pessoas para os estádios, de olho na bilheteria. Para Ronan, a estratégia aproximaria os jovens do futebol e teria o poder de atrair mais famílias para os estádios.

“De 1976, ano que implantamos o projeto, fiz um exaustivo trabalho de pesquisa dos anos anteriores e os mascotes que encontrei em fotos de jornais e revistas era um ou dois, no máximo três. Sabia que se levasse a criança como mascote ao campo, levaria também seus pais. Se posso levar um, por que não levar onze, pensei”, disse em entrevista.

Primeiro jogo, Atlético x América

A primeira partida que contou com 11 crianças entrando em campo aconteceu no dia 5 de setembro de 1976, em uma partida entre o Galo e o Coelho (1 a 0 para o Atlético com gol de Reinaldo). Os jogadores só ficaram sabendo no dia e levaram um susto.

Ronan teve a ideia de colocar crianças sósias de cada jogador, o que dificultou bastante o trabalho.

“Eles só ficaram sabendo no dia do jogo. Na véspera, correu a notícia que o Departamento de Relações Públicas ia apresentar uma surpresa para a torcida. Curiosidade total. No dia, os jogadores a cada minuto chegavam à porta do vestiário para ver as crianças e o susto era geral, porque eram 11 sósias dos que iam entrar em campo”. Veja o vídeo abaixo:

Crescimento a nível mundial

Dificilmente Ronan imaginaria que sua ideia chegaria tão longe. Hoje quase todas as partidas, em todos os campeonatos, contam com 11 crianças entrando em campo. Do Brasileirão, a Champions e a Copa do Mundo.

Em 2001 a Fifa e a Unicef firmaram parceria para que as crianças carentes fossem selecionadas para entrar em campo nas Copas. Na Copa de 2014 no Brasil, 1408 crianças de 70 nacionalidades foram selecionadas pelo instituto Ronald Mc Donald’s (patrocinador) para entrarem em campo.

Polêmica na Premier League

Em 2020 o jornal El País publicou uma matéria questionando a cobrança de 700 libras, cerca de R$ 4.500 para que cada criança entrasse em campo para times como West Ham e Norwich. Na Champions, o Tottenham cobra mais de 500 euros.

No Brasil não há cobrança. Basta que a criança vá com o uniforme completo do time. Cada clube tem suas próprias regras e definições para selecionar as crianças.

Fhilipe Pelájjio

Publicitário, jornalista e pós-graduado em marketing, é editor do Moon BH e do Jornal Aqui de BH e Brasília. Já foi editor do Bhaz, tem passagem pela Itatiaia e parcerias com R7, Correio Braziliense e Estado de Minas.

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