Uma onda de insegurança crescente em Belo Horizonte tem ganhado as redes sociais, com vídeos de assaltos e furtos viralizando no TikTok e expondo a apreensão dos moradores. Mas enquanto a população clama por mais policiamento, a Guarda Municipal da capital mineira se vê no centro de um debate sobre suas prioridades, com um foco questionado na aplicação de multas – que renderam R$ 30 milhões em apenas dois meses este ano – e denúncias de viaturas essenciais paradas.
Nos últimos meses, a sensação de insegurança escalou em Belo Horizonte. Relatos e vídeos compartilhados massivamente no TikTok mostram uma realidade preocupante: assaltos à luz do dia, quebra de vidros de veículos, o retorno dos roubos de correntinhas de ouro e os persistentes furtos de celulares, que, segundo denúncias, seriam vendidos abertamente nas imediações de um conhecido shopping popular da cidade.
Regiões como Savassi e Lourdes, tradicionalmente vistas como seguras, têm sido palco frequente desses crimes, aumentando o temor da população.
@ingridcfl17 ♬ som original – Ingrid
Guarda Municipal: foco em arrecadação ou segurança pública?
Embora a responsabilidade primária pela segurança pública seja do governo estadual através da Polícia Militar, existe um consenso crescente entre diferentes espectros políticos de que a Guarda Municipal de Belo Horizonte (GMBH) poderia desempenhar um papel mais ativo na prevenção e coibição de crimes através de patrulhamento ostensivo.
Essa discussão não é nova e foi um tema recorrente nas eleições municipais de 2024. Políticos como Bruno Engler (PL), Duda Salabert (PDT) e Carlos Viana (Podemos), de vertentes políticas completamente opostas, concordam e já haviam defendido que a “Guarda Municipal tem de ajudar na segurança e não ficar multando motoristas pela cidade”.
Contudo, a atual gestão municipal parece ter outros planos. Um levantamento do Moon BH no início de 2025 revelou que a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) vai destinar R$ 8 milhões para que os guardas municipais atuassem em conjunto com a BHTrans na fiscalização e aplicação de multas de trânsito, incluindo o rotativo.
Os números do portal da transparência da PBH confirmam o impacto financeiro dessa diretriz: apenas nos dois primeiros meses de 2025, foram arrecadados mais de R$ 30 milhões em multas de trânsito na capital.
Impressionantemente, os guardas municipais já são responsáveis por um volume de autuações próximo ao dos radares eletrônicos, que operam ininterruptamente. Esse volume de receita levanta questionamentos sobre o interesse da gestão em realocar esses agentes para o patrulhamento focado na segurança pública.
Viaturas da Guarda Municipal paradas em BH
A controvérsia se aprofunda com denúncias sobre a má gestão de recursos. Em 15 de maio de 2025, os vereadores Pablo Almeida (PL) e Juhlia Santos (Psol) protocolaram requerimentos na Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) exigindo explicações da PBH sobre as medidas de enfrentamento à violência contra as mulheres.
A denúncia aponta que viaturas da Guarda Municipal destinadas à “Rede de Proteção da Mulher” estariam paradas e sem uso no pátio da Inspetoria Regional Noroeste.
Críticas unificam espectros políticos
A percepção de que a Guarda Municipal está subutilizada na segurança primária é compartilhada por políticos de diferentes matizes. Duda Salabert criticou: “a atual gestão [chapa reeleita em 2024], infelizmente, colocou a Guarda Municipal para punir o cidadão, multando o cidadão ao invés de proteger”.
Bruno Engler, em linha similar durante a campanha de 2024, afirmou que a força “não vai ficar dando multa de rotativo, a Guarda Municipal vai cumprir a sua função de combater o crime e dar mais segurança para Belo Horizonte”.
Essa convergência de opiniões entre direita e esquerda sobre o papel da GMBH parece encontrar forte eco na população apreensiva.
População conectada exige respostas
A viralização dos casos de crime no TikTok e outras redes sociais tem funcionado como um catalisador, não apenas para alertar os cidadãos, mas também para aumentar a pressão sobre as autoridades por respostas e ações mais efetivas no combate à criminalidade em Belo Horizonte. Enquanto isso, os moradores seguem buscando alternativas para se proteger e compartilhando suas experiências online.
@hugobarcelar Dois roubos depois… sigo apaixonado por BH. Só ando mais esperto agora. 🚨🚨🚨🚨
♬ som original – Hugo Barcelar























