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Igual, mas diferente: as versões alternativas dos clássicos

Se alguém percorrer o Brasil e pedir para nomearem uma marca de guaraná, provavelmente ouvirá como resposta as mais conhecidas, aquelas que investem mais em publicidade. Mas se a pergunta for feita em Minas Gerais, a resposta pode ser outra. Porque quem é mineiro adora o Guarapan, refrigerante criado no estado e sucesso de vendas nas Alterosas.

Esse é apenas um caso de versões alternativas para clássicos que, se não são as mais famosas, certamente são divertidas – seja por sua originalidade, regionalidade ou curiosidade. Continue lendo e descubra mais algumas, enquanto bebe um delicioso gole de Guarapan.

Nos jogos de tabuleiro

Em uma época em que a globalização era uma ideia distante, a fábrica de brinquedos Estrela lançou no Brasil um jogo de grande sucesso: o Banco Imobiliário. Nele, os jogadores andavam pelo tabuleiro comprando ruas e bairros famosos do País, como a Avenida Atlântica, no Rio, ou a Faria Lima, em São Paulo.

Porém, o Banco Imobiliário era uma versão abrasileirada do jogo Monopoly, da fabricante americana Hasbro. A adaptação foi permitida por décadas, mas, em algum momento após a globalização, a Hasbro quis mudar o nome do game para sua marca internacional. O que gerou uma grande confusão e, após muito vai-e-vem, hoje os dois jogos estão nas lojas competindo pela preferência dos fãs. Resta saber quem é o clássico nessa disputa, já que o Monopoly foi criado antes, mas o Banco Imobiliário está no Brasil há mais tempo, desde 1944.

Nos jogos de cartas

Dentre todos os jogos de cartas, existe um que possui inúmeras variações de regra: o poker. Hoje em dia, a grande maioria dos jogadores de poker abraçam as regras do No-limit Texas Hold´em, de longe a versão mais popular. Mas existem variantes muito divertidas, que atendem por nomes curiosos como Abacaxi Preguiçoso, Vanunu ou Holdemaha. Vale a pena conhecer e experimentar, nem que seja para polir suas habilidades.

Isso porque essas variantes são jogadas com baralhos reduzidos, com regras mais duras e outros detalhes que podem tirar o jogador da zona de conforto. E onde há uma dose saudável de incômodo, há aprendizado.

Nos filmes

Quando se pensa em cinema, e nas modernas tecnologias envolvidas na produção de filmes, é comum imaginar Hollywood. Afinal, foi lá que surgiram técnicas de efeitos especiais que fizeram época como o CGI – computer graphics imagery, a técnica que cria em computador paisagens e personagens incríveis, mas que nunca existiram.  Porém, há um grande debate sobre qual foi o primeiro longa a ser feito 100% com CGI.

Toy Story, dos estúdios Pixar, é um clássico que foi lançado em 1996, três meses antes do brasileiro Cassiopeia, de Clovis Vieira. Seria o campeão, se não tivesse utilizado modelagem em argila para digitalização – o que derruba a porcentagem de 100% de CGI. Já Cassiopeia não modelou ou escaneou nada, e tudo que se vê foi criado em computador.

Na música

Quando o Rock ́n Roll surgiu, lá pelos anos 60 do século XX, artistas brasileiros começaram a fazer versões em português para músicas americanas de sucesso. Desta água bebeu o pessoal da Jovem Guarda, com versão de All my Loving, dos Beatles; nos anos 80, a banda Yahoo lançou Mordida de Amor, uma releitura para Love Bites, do Def Leppard; os sertanejos Leandro & Leonardo traduziram a melosa I swear da banda anos 90 All-4-One … e assim sucessivamente e repetidamente, até os dias de hoje. Algumas versões são mais esmeradas que outras, o que nos leva à pergunta que não cala: qual o sentido do verso “juntos e shallow now”?

No futebol

Os ingleses inventaram o futebol – um jogo de avanço territorial e busca de objetivo (o goal), algo derivado do rúgbi. Uma brincadeira divertida, tanto que Charles Miller trouxe as regras para o Brasil, junto com uma bola de capotão.

Com o tempo, porém, os brasileiros descobriram que dava para fazer o jogo ficar mais interessante, adicionando dribles, improvisos e outros recursos criativos. E o futebol mudou, especialmente depois de 1958, quando Pelé, Garrincha e companhia mostraram ao mundo um novo jeito de se jogar. 

A magia durou até 1982, quando a incrível seleção de Zico, Sócrates e Falcão perdeu para uma Itália brucutu, no que o Doutor mais tarde reputou como a morte do futebol-arte. Uma perda muito sentida. Mas ao menos o Guarapan continua firme e forte.

Fhilipe Pelájjio

Publicitário, jornalista e pós-graduado em marketing, é editor do Moon BH e do Jornal Aqui de BH e Brasília. Já foi editor do Bhaz, tem passagem pela Itatiaia e parcerias com R7, Correio Braziliense e Estado de Minas.

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