BH inaugura “Drummond no Horizonte” para homenagear os 120 anos do poeta

Um dos mais famosos monumentos públicos e visitados da capital carioca, a escultura do escritor mineiro Carlos Drummond de Andrade marca presença nas comemorações dos 125 anos de Belo Horizonte e dos 120 anos do poeta, que viveu na capital mineira durante quase uma década e meia, a partir de seus 18 anos. Trata-se da exposição Drummond no Horizonte, em que uma réplica da famosa escultura de Copacabana estará aberta à visitação gratuita na entrada do Teatro Francisco Nunes, no Parque Municipal. Esta é uma iniciativa da Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e da Fundação Municipal de Cultura.

Drummond no Horizonte integra a programação de aniversário da cidade e é também uma ação associada ao Festival Literário Internacional de Belo Horizonte – FLI BH (que, em 2023, terá a sua 5ª edição), e será realizada no período de 11 a 22 de dezembro, na entrada do Teatro Francisco Nunes, das 10h às 17h, com acesso gratuito – mediante a retirada de ingresso de visitação ao Parque Municipal, no Sympla. A exposição contará ainda com uma instalação artística composta por tecidos pintados a partir de caligrafias tão características do escrito de Drummond.  Além disso, para marcar essa visita inesquecível, serão oferecidos aos visitantes – como lembrança – óculos de papel semelhantes aos que Drummond usava.

A exposição Drummond no Horizonte é uma viagem ao passado em que o público poderá experienciar uma parte da relação intensa e histórica do artista itabirano com a cidade de Belo Horizonte. Mais do que isso, será uma oportunidade ímpar de contemplar, sentar ao lado e, até mesmo, bater um papo imaginário com Drummond, através de um espaço instagramável criado especialmente para as pessoas tirarem fotos. De autoria do escultor mineiro Leo Santana, a estátua de Drummond em bronze é um importante exemplo de como a sociedade brasileira reverencia o escritor e reconhece a dimensão de sua obra literária.

Para a Secretária Municipal de Cultura, Eliane Parreiras, celebrar o nosso grande poeta Carlos Drummond de Andrade durante a comemoração do aniversário da cidade é uma forma de revisitar e valorizar as conexões entre a história de Belo Horizonte e a literatura que ocupa um espaço fundamental na cultura do Brasil. “Drummond no Horizonte é uma ação que simboliza e relembra a vivência do escritor na nossa cidade, a partir de uma programação gratuita e democrática. Mas, mais do que isso, é um presente para Belo Horizonte, pois busca aproximar as pessoas e alargar a compreensão sobre a literatura, de uma maneira interativa e, sobretudo, afetiva”, comemora.

Já a presidente da Fundação Municipal de Cultura, Luciana Feres, ressalta a importância da celebração ao Drummond ter como espaço o Teatro Francisco Nunes, localizado dentro do Parque Municipal, patrimônio ambiental mais antigo da capital mineira. “O Parque Municipal e a ‘Zona Cultural Praça da Estação’, de maneira geral, fazem parte da Belo Horizonte em que o Drummond viveu na juventude. É óbvio que, ao longo de décadas, a cidade se modificou imensamente. No entanto, esses espaços, cada vez mais, permanecem pulsantes e fundamentais para a vida cultural de Belo Horizontes”, destaca.

A programação também será composta pela apresentação do Coral dos Desafinados, com regência de Beatriz Myrrha, no Teatro Francisco Nunes, no dia 12 de dezembro (segunda), às 20h. Serão interpretadas canções de compositores da MPB, como Caetano Veloso, Chico Buarque, Gonzaguinha, Ivan Lins, entre outros. Milton Nascimento, que recentemente completou 80 anos de vida, será homenageado pelo grupo.

O repertório da apresentação será composto também pela narração de poemas emblemáticos de Drummond, como “Canção Amiga”, “Amar”, “Em memória de Alphonsus de Guimaraens”, “A palavra Minas”, “Infância”, “Além da terra, além do céu” e “Amanhecer”. O público poderá retirar os ingressos da apresentação, de maneira gratuita, na DiskIngressos.

A Belo Horizonte de Drummond

Considerada “um mundo pequeno” por Drummond, devido ao seu clima e às características urbanas, a jovem Belo Horizonte dos anos 1920 e 1930, exerceu um papel fundamental na formação intelectual e poética do então jovem escritor vindo de Itabira-MG.

Na capital mineira, Drummond foi amigo de Abgar Renault, Aníbal Machado, Emílio Moura, Milton Campos, Pedro Nava, frequentadores da Livraria Alves e do Café Estrela. Casou-se com Dolores Dutra de Morais. Conheceu os modernistas Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral, que estavam de passagem pela capital mineira. Ao lado de Emílio Moura, Gregoriano Canedo e Martins de Almeida, fundou A Revista, publicação modernista que contou com três edições. Graduou-se em Farmácia, mas, de maneira natural, acabou trabalhando como redator dos veículos de imprensa Diário de Minas, Minas Gerais, Estado de Minas e Diário da Tarde. Também foi redator de A Tribuna. Em 1930, publicou sua primeira obra poética intitulada “Alguma Poesia”. Em 1934, Drummond mudou-se para o Rio de Janeiro para ser chefe de gabinete de Gustavo Capanema, ministro da Educação e Saúde Pública.