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Cadeirante é humilhada em igreja bolsonarista de BH: “passei o culto chorando”

Uma notícia publicada pelo Portal BHAZ nesta quarta-feira, 27, chocou Belo Horizonte ao expôr as humilhações que uma jovem cadeirante relatou ao frequentar a Igreja Batista da Lagoinha.

Famosa por ser a igreja onde Ana Paula Valadão começou a fazer gigantesco sucesso e onde o irmão dela, André Valadão, tentou vender “cartões de crédito da Fé” no altar do templo, é também conhecida na internet como uma “igreja bolsonarista”.

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Podem corroborar com a tese o fato do filho do presidente, Eduardo Bolsonaro, ter feito um culto no início do ano sobre socialismo, Karl Max e Olavo de Carvalho ao lado de André Valadão.

A igreja também realizou a “Conferência do Governo” em janeiro com o vereador de BH Nikolas Ferreira, o ministro das comunicações Fábio Faria e o considerado foragido da Justiça brasileira Allan Dos Santos.

Também há um culto da ministra Damares e um artigo no site da igreja defendendo o presidente Bolsonaro. A prática, portanto, iria contra as ações do próprio governo, que parece prezar pela inclusão e coloca tradutores de língua de sinais em todos os vídeos e lives.

Rayssa Guimarães, de 24 anos, denuncia dificuldades para assistir a celebração

“Eu passei o culto inteiro chorando, mas não foi por causa de mim não, sabe? Eu não deixo de sair de casa, não deixo de fazer nada, eu luto pra sentar na frente, porque é direito meu. Mas o tanto de mensagem que eu recebi, as pessoas falando que deixam de sair de casa, que sentem que não cabem nos lugares… é um absurdo”, contou a jovem.

Ela continuou seu relato: “Os bancos da frente são todos reservados para pastores. Eu penso: cadê o respeito com a pessoa que é deficiente? Lá são fileiras de quatro bancos em cada, mais ou menos. Eles poderiam deixar algumas fileiras com banco removível, caso algum cadeirante queira assistir o culto. A gente tem o direito de participar igual todas as outras pessoas”. Os outros andares são de escadas e segundo ela, não tem elevador.

Igreja Batista Lagoinha se desculpa publicamente e considera inadmissível o tratamento dado a Rayssa, em nota ao BHAZ:

“A Igreja Batista da Lagoinha lamenta profundamente o ocorrido na última terça-feira (26) com Rayssa Guimarães durante o Culto Fé. Pedimos públicas desculpas e informamos que as orientações recebidas pela mesma durante a celebração não são direcionamentos oficiais da instituição. Iniciamos o processo de apuração do caso para que o episódio não se repita. Não é essa a nossa diretriz e desconhecemos esse tipo de atitude entre nossos voluntários e obreiros.

O prédio em que a igreja está localizada é uma construção de mais de 30 anos e, desde o início, cada nova determinação constitucional quanto aos critérios de acessibilidade é implementada.

A Igreja Batista da Lagoinha preza pelo acesso global à palavra de Deus, seja presencialmente ou virtualmente. Para tanto, fomos uma das primeiras igrejas do Brasil a instituir a tradução simultânea em libras durante os cultos. Há 12 anos, temos em funcionamento o ministério Obra Prima, que é um centro de apoio a famílias com filhos que possuem algum tipo de deficiência, dando suporte irrestrito, acompanhamento psicológico e atividades de lazer. O mesmo acontece com dezenas de outras ações de acordo com cada necessidade de nossos membros e de toda a sociedade. Em todas as reuniões ou eventos da igreja temos equipes treinadas para atendimentos específicos, como para idosos ou pessoas com distúrbios mentais e/ou emocionais, por exemplo. Nos importamos e valorizamos cada membro ou visitante, de forma a nos adequarmos constantemente para que todos sejam recebidos da melhor maneira possível.

Como igreja, estamos diariamente, durante 24h, em ininterrupto funcionamento para atendermos a todos. Dessa forma, consideramos inadmissível o tratamento relatado por Rayssa e reiteramos nosso pedido de desculpas à ela e sua família. Desejamos continuar recebendo-a em nossa casa, prezando pelo real motivo da nossa existência: o amor por pessoas.”

Fhilipe Pelájjio

Publicitário, jornalista e pós-graduado em marketing, é editor do Moon BH e do Jornal Aqui de BH e Brasília. Já foi editor do Bhaz, tem passagem pela Itatiaia e parcerias com R7, Correio Braziliense e Estado de Minas.

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